Vivemos tempos contraditórios. Temos a consciência que o nosso consumismo desenfreado nos leva a danos irreversíveis ao planeta, no entanto nada fazemos, e, continuamos a consumir excessivamente.
Consumimos a cada dia mais e mais coisas, de todos os tipos. Tecnologia, moda, design, lazer, gastronomia, cultura, carros… Enfim, uma lista imensa, que só aumenta em diferentes itens, tudo o que compramos tem um segmento definido. Opções não faltam.
Hoje, o consumo está ligado a um sentimento, algo mais intangível do que concreto, muito mais subjetivo. Precisamos suprir nosso desejo voraz de ser feliz. Ter um status. Alimentar uma paixão. E consumir passou a ser um hobby, além de uma necessidade. Por isso tornou-se imensurável.
Desde a revolução industrial necessitamos aumentar a demanda do consumo para também obter uma produção maior. E com o passar do tempo, foram criados muitos subterfúgios para que isso acontecesse. Primeiro veio a publicidade, depois o consumo coletivo, e, individual, o consumismo, e o prazer de consumir.
O consumismo é o excesso do consumo, além do que realmente precisamos para viver, a cultura do descartável.
Parece um caminho sem volta. Será?
O filósofo Gilles Lipovetsky, criou o termo hiperconsumo: “No hiperconsumo, não há limite de espaço e tempo. É possível comprar em qualquer hora e lugar.”, diz Lipovetsky. O poder que esse hiperconsumo gera no ego de cada pessoa, é o que estimula o consumo exacerbado, onde se compra a ilusão. Pela simples vontade hedonista que nos foi criada.
Mas, como ele diz: “Há limites para os recursos, mas a invenção humana já fez o possível e o impossível. Se alguém falasse que iria à Lua na Idade Média, seria tachado de louco.” Por isso há de se crer em uma atitude positivista em relação ao consumismo. Temos que ter a consciência e uma posição palpável de constante mutação, “quando temos paixões, o poder do consumo passa a ser muito inferior”, afirma o filósofo.
Ou seja, cabe a nós mesmos redefinir os nossos padrões. Mudar. Criar paradigmas “pós-pós-modernos”. Uma nova cultura com valores mais subjetivos. Dar importância às pequenas e simples cordialidades.
Pensar em novos rumos a serem seguidos. Ter a consciência da real necessidade de consumir. Não confundir o impulso e a vontade com o que é essencial. Questionar-se sempre: será que preciso (verdadeiramente) disto neste momento?
Uma reflexão lúcida que pode redesenhar e dar um novo ritmo ao desenvolvimento humano.
LKV
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